sábado, 9 de noviembre de 2013

Noite Vermelha

Luzes, música e conquista. Pessoas dancavam na pista, pavoneando a roupa de griffe, elaborando os seus gestos mais persuasivos. Ele passeava entre elas, sem misturar-se nesse cocktail de suor, álcool e branqueamento laser. Ele era diferente. Delicioso, nutritivo, como o azeite. De oliva, claro.
De longe, lambuzou meus desejos, meus sonhos. E essa ânsia pegajosa foi aumentando com o passar das horas, cozinhando-se no meu peito a fogo alto. Até que foi servido o prato: era amigo de uns amigos. Conversamos durante algum tempo, nao sei exatamente por quanto, mas realmente nao importa. A partir de um certo momento deixei de prestar atencao nas suas palavras, porque elas perderam a funcao original de comunicar. Calculo que por um mecanismo do meu inconsciente, passaram a ser um íma que me puxava aos seus lábios sem parar. Foi inevitável: quando tocou a minha cintura e sussurrou-me ao ouvido, quase pude distinguir os gritos que emitiam os nossos cheiros. E assim sucedeu o primeiro beijo, culminacao do instinto.
Beijou-me como um lobo faminto, selvagem. Fomos presas de beijos versáteis, picantes e suaves, compassados por seus dedos que cavavam minha pele; porém, em vez de produzir-lhe sulcos, a fizeram avermelhar-se, inchando-se como energia condensada.
Olhou-me. As minhas maos primeiro, ao esmalte violeta com brilhos estelares, aos nódulos e longitude dos meus dedos, as rugas de janeiros e atividades. Com seu olhar acariciou-me as extremidades, chacoalhando-me o corpo inteiro. Depois fitou-me profundo e direto. E mergulhei entre imensas montanhas cravadas no centro da terra; vivi uma expedicao através do seu globo ocular, repleto de fauna, flora, vida. Uma esfera reconhecidamente assustadora e irresistível.
Afinal, nessa noite vermelha, escutei o que me pediam seus olhos, seus beijos, meus anseios de infância e me entreguei ao amor, às circunstâncias.

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