lunes, 14 de octubre de 2013

Memoria y Vigilia

El mar toca mis dedos
arreciando el miedo
que nace en mi talón.

Moja mis piernas con
recuerdos, auroras,
rostros, voces, olas
flujo del pensamiento

Entonces llega el viento,
suave peina la espuma
luego se alza y curva
abrazando el océano.

Sé que el aire me guía
soplándome secretos
que me invitan a volar

Porque siento cosquillas
por todo mi cuerpo
como si fuera de pronto
una ruta de hormigas

El cuerpo reacciona,
mientras el alma llora
porque el mar le arroja
a lo que fue para el mundo

Pero aún con los pies presos
en la arena del pasado
surgen en mis omóplatos
dos curiosas alas

Así que encaro el segundo
me subo al voluble viento
para permanecer siendo
memoria y vigilia

domingo, 6 de octubre de 2013

Guerra ou dança

A vida é guerra ou dança?

Uma valsa romântica
Um tango nostálgico

Um flamenco apaixonado
ou um cinza, lamentável
lança-rojão?

São pés compassados ou
tiros espalhados?

Movem-se os corpos
segundo a marcha fúnebre de Chopin
ou a estação colorida de Vivaldi?

Qual é a música que toca,
essa canção de mundo,
gemidos do moribundo
ou risos do coração?

Risos, notas musicais
batimentos essenciais
em allegro ou adagio
ecoam no salão...

Mas a pergunta
ainda não foi respondida
ela ainda fica
vagando entre pés e mãos

Será a vida uma guerra
evidente e singela
que sustenta a história
e a reclama na memória?

Será que o homem
apesar de tanta fome
prefere o ressentimento
ainda hoje, ao perdão?

Mas a pergunta
ainda não foi respondida
ela ainda fica
vagando entre pés e mãos





sábado, 5 de octubre de 2013

Sentido

O homem sorri ao céu
com lábios de meia lua
e olhos de entardecer

Exposto a noites e dias,
estiagem, chuvisca,
mormaço, ventania;
ele sorri

Estica com prazer
todas as rugas do rosto
olhando pra cima, devoto
sente o vento correr;

tocar o seu corpo esguío
com esses dedos vazios
que o fazem estremecer

Tocá-lo de um jeito
semelhante ao efeito
da pele no mar frio

Como um amplo leque,
abana os cantos de pele,
maré que sobe e desce
dentro do peito

Toca-o em suas raízes,
as mesmas cicatrizes
com um sopro seco

Porque é labareda,
intensa chama acesa
sobre água estancada

Como mãos de amante,
suadas e vibrantes;
Como o sábio rio,
preserva seu caminho

Ele vê o céu colorido,
aberto aos estímulos
desse vento passageiro

Sorri, já é outro janeiro
e o vento companheiro
seduz aos seus sentidos